Bolsonaro disse ainda que não pretendia “sumir” com o conjunto de joias que recebeu de presente do regime da Arábia Saudita
O ex-presidente Jair Bolsonaro, filiado ao Partido Liberal (PL), anunciou que pretende voltar ao Brasil no dia 30 de março, às 7h, para se envolver em atividades políticas com o partido e fazer campanha. Em uma entrevista à Record TV, divulgada em 23 de março, Bolsonaro também esclareceu que não pretende se desfazer das joias que recebeu como presente do governo da Arábia Saudita. Ele afirmou que o pouso em Brasília está quase certo e que planeja trabalhar junto com o PL para manter a bandeira do conservadorismo que ele defendeu durante os quatro anos em que esteve no cargo de presidente.
Bolsonaro também respondeu às acusações de que teria violado leis ou regulamentos ao aceitar o estojo de presente da Arábia Saudita, que continha um relógio com pulseira de couro, um par de abotoaduras, uma caneta, um anel e um masbaha (rosário islâmico). O ex-presidente explicou que não tinha a intenção de “desaparecer” com os presentes e que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro soube da existência do segundo conjunto de joias apreendido no Aeroporto de Guarulhos (SP) pela imprensa. Bolsonaro afirmou que só soube disso um ano depois e que a caixa destinada a Michelle está retida na Receita Federal. Ele reiterou que sua caixa de presentes sempre esteve disponível desde o início.
Bolsonaro mencionou uma liminar do ministro Augusto Nardes, do TCU, que afirmou que o material não poderia ser vendido e destacou que nunca teve a intenção de desaparecer com os presentes. Entretanto, uma reportagem do Estadão/Broadcast revelou que o ex-presidente fez oito tentativas pessoais para liberar o conjunto de joias preso na alfândega, que havia entrado no país de forma ilegal e sem declaração. Bolsonaro argumentou que poderia ficar com os presentes e, se desejasse se desfazer deles, apenas teria que pagar os impostos correspondentes.
Por fim, Bolsonaro afirmou que entregará “com dor no coração” as armas que recebeu dos Emirados Árabes Unidos e que irá entregá-las à Polícia Federal juntamente com as joias em uma agência da Caixa. Ele espera que a situação seja resolvida o mais rápido possível, e disse que o objetivo é evitar que o caso tome proporções maiores. O ex-presidente segue firme em seus planos de retornar ao Brasil e se envolver em atividades políticas com o Partido Liberal, reiterando seu compromisso com a bandeira do conservadorismo.
Questionado pela reportagem da Record TV sobre a prisão de suspeitos de participar de um ataque contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), Bolsonaro disse achar “uma tremenda coincidência” a proximidade da operação com a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que, quando estava na cadeia, queria “f***r com o Moro”.
“Eu acho uma tremenda coincidência ontem o cara falar que gostaria de ferrar o atual senador Sergio Moro. Então foram essas prisões. Pelo que tudo indica gente do PCC. Entra o PCC nessa história”, afirmou.
O ex-presidente ainda acusou Lula de ter feito uma “armadilha” nos ataques que depredaram a sede do Poder Público em Brasília, no dia 8 de janeiro. “Lamento o episódio, realmente inacreditável. Estamos esperançosos de que haja uma CPMI para botar em pratos limpos isso daí. Foi uma armadilha feita pela esquerda, tanto é que o presidente não quer [a CPMI]”, disse Bolsonaro. “Vamos abrir uma CPMI para ver até onde vai a minha responsabilidade ou a dele, que eu não chamo de opção, ele no meu entender tem ação nesse evento do dia 8.”
Fonte: Folha Vitória