Segundo Lauro Vasconcellos, chefe da unidade de Nefrologia do Hucam, hábitos saudáveis e o acompanhamento anual são fundamentais para a saúde dos rins
Celebrado este ano no dia 9 de março, o Dia Mundial do Rim traz uma série de alertas e tem por objetivo conscientizar a população sobre os cuidados que se deve ter com os rins. Tanto que um dado chama a atenção. Segundo o Ministério da Saúde, o Espírito Santo tem atualmente 302.262 pessoas portadoras de Doenças Renais Crônicas (DRC).
Atualmente, cerca de 2.900 pessoas encontram-se fazendo hemodiálise no Estado. O procedimento é indicado para pacientes com insuficiência renal aguda ou crônica graves. Ele é responsável por fazer a filtragem e a limpeza do sangue, removendo as toxinas, o excesso de água do organismo e fazendo o trabalho que o rim doente já não consegue fazer.
E em relação às internações hospitalares realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS), o Estado registrou 5.208 internações em 2022.
Segundo Lauro Vasconcellos, médico nefrologista e chefe da Unidade de Nefrologia do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), que pertence à Universidade Federal do Estado, as principais doenças que levam à insuficiência renal crônica e até mesmo à necessidade de um transplante estão a hipertensão arterial e o diabetes Mellitus.
Existem ainda outros problemas de saúde como malformações no aparelho urinário, e infecções de repetição, por exemplo, que também podem levar a um quadro mais severo de doença renal.
“Entre os fatores de risco estão a obesidade, pessoas que tem história familiar de doença renal, o tabagismo, consumo de bebidas alcóolicas e o uso inadequado de medicamentos como antiinflamatórios que podem levar à perda de função renal. Já atendi, inclusive crianças com esse quadro, por conta do uso em excesso desse tipo de medicamento”, destacou o especialista.
Lauro explica ainda que a prevalência maior de doenças renais é entre os homens, porém ela não é muito grande. “Os homens têm uma determinada fase da vida que apresentam mais estresse e hipertensão. A faixa etária, geralmente, é acima dos 35 anos. Mas vale lembrar que mulheres e crianças também são acometidas pela doença “, pontua.
Conheça os cuidados e saiba como prevenir a doença renal
Adotar hábitos simples e saudáveis é fundamental para uma boa manutenção da saúde dos rins. “O ideal é manter-se sempre bem hidratado. Principalmente no calor. Consumir no mínimo 2 litros de água por dia. E mais: após os 30 anos de idade, fazer ao menos um vez por ano o exame de urina simples e a dosagem de creatinina no sangue”, destaca Lauro Vasconcellos.
Lauro explica que a creatinina é uma substância produzida nos músculos. Portanto, uma pessoa que apresenta mais massa muscular, costuma ter um nível maior da substância que é eliminada pelos rins. Ela está presente no sangue e é eliminada pela urina.
Porém, quando ocorre um aumento no nível dela no sangue e a massa muscular está estabilizada, por exemplo, é sinal de que o rim está doente. De acordo com o nefrologista, o exame que mede os níveis dessa substância no organismo e até mais importante que o de colesterol. Inclusive, o tema da campanha desse ano é; “Saúde dos Rins (& exames de creatina) para todos”.
Como medidas de prevenção, a nefrologista e referência técnica da Gerência de Políticas e Organização de Redes de Atenção à Saúde (Geporas), da Secretaria da Saúde, Alice Pignaton Naseri, reforça a necessidade de adotar mudanças no estilo de vida. Veja:
1. Consumir alimentos saudáveis;
2. Diminuir o consumo de sal;
3. Beber bastante água;
4. Realizar exames de rotina;
5. Controlar os fatores de riscos das doenças.
Como saber se os rins estão funcionando adequadamente
Como mencionado anteriormente, para avaliar o funcionamento dos rins, é fundamental realizar regularmente a dosagem de creatinina no sangue, sendo por meio dela estimada a Taxa de Filtração Glomerular (TFG) renal. É a melhor forma para descobrir precocemente se os rins estão funcionando bem.
A coordenadora do serviço de Nefrologia do Hospital Estadual Dório Silva (HDS), localizado na Serra, a médica nefrologista Lívia Maria Maia, explica que é considerado uma portador de Doenças Renais Crônicas todas as pessoas que, independentemente da causa, apresentem, por pelo menos três meses, a Taxa de Filtração Glomerular inferior a 60ml/min, que é calculada por meio da dosagem de creatinina.
“É importante ficar atento a alguns sinais que podem indicar possíveis doenças renais, como urina espumosa, sangramento na urina, fadiga, perda de peso, náuseas, hipertensão arterial de difícil controle, entre outros. Ao identificar sinais como esses, o cidadão deve procurar ajuda médica o quanto antes para ser avaliado pelo médico e encaminhado aos tratamentos adequados de acordo com o quadro clínico”, ressaltou Lívia Maia.
Fonte: Folha Vitória
